Leonardo Silva: Leandro Damião, da várzea ao Internacional

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Leandro Damião ou mais conhecido por alguns como “Damigol” cresceu no Jardim Angela. A comunidade localizada na Zona Sul de São Paulo foi considerada, na década de 90, uma das regiões urbanas mais violentas do mundo. Por ali vários jovens se perderam no mundo do crime, mas, para Leandro aquilo ali nada mudaria seu maior objetivo, se tornar jogador de futebol.

No campinho de terra batida cercado por 3 favelas, a bola era a fiel escudeira e o início de um sonho. Porém, no Jardim Angela foram poucas oportunidades que surgiram. Seu primeiro contato com o futebol apareceu em um time da várzea, chamado de “Estrela da Saúde”. Se destacou na várzea, colecionou títulos, mas as oportunidades em times profissionais não chegavam. Em 2012, durante uma entrevista para o Esporte Espetacular, o atleta contou que clubes renomados no estado paulista como São Paulo, Corinthians, Santos, Palmeiras e outros, recusaram uma oportunidade para ele ainda quando realizava processos seletivos atrás de uma chance. O jovem sonhador completava 17 anos de idade e ainda não havia recebido nenhuma possibilidade de assinar seu primeiro contato profissional. O mesmo disse também que até pensou em desistir do seu sonho e ir trabalhar com seu pai.

Foi no time amador chamado de “XV de Indaial”, clube do interior do estado de Santa Catarina, que surgiu a primeira oportunidade como atleta. O pequeno clube foi vitrine para levar Damião até um clube profissional e concretizar seu maior sonho. No Atlético de Ibirama, contra a vontade do treinador Giovani Nunes, que “Leandrão” como era chamado, deu o pontapé inicial na sua brilhante carreira. Mauro Ovelha na época era diretor e obrigou que o técnico desse uma oportunidade para o atleta. Os antigos companheiros sempre viram Damião como um profissional muito dedicado, nos treinos era sempre o último a sair, pedia para que eles ficassem um tempo extra para treinar chutes a gol, cruzamentos e passes longos.

Todo seu esforço foi recompensado, assumiu o compromisso com a camisa 9 e no ano de 2009 foi o artilheiro do Atlético de Ibirama no Campeonato Catarinense, onde foi eleito a revelação da competição. Aos 20 anos, o menino que nunca havia passado por uma categoria de base, chegou ao Internacional de Porto Alegre. Ainda no ano de 2009 ingressou na equipe juniores colorada, foi ali que realizou todo o trabalho de base que nunca teve na carreira. No ano seguinte, subiu ao grupo profissional do Inter, muitas vezes nem relacionado era. Foi na noite de 18 de agosto de 2010, data da final da Libertadores da América, o dia que o menino desconhecido saiu do banco para fazer um dos gols do título colorado.

Em 2011, Damião foi peça fundamental nas conquistas, o jogador foi campeão gaúcho e o artilheiro da competição fazendo 17 gols em 13 jogos. Também atuou como protagonista na conquista da Recopa Sul-Americana marcando gols no primeiro jogo na derrota por 2×1 e na partida de volta, sendo dois gols na vitória por 3×1 contra a equipe do Independiente da Argentina.

O ano de 2011 foi tão generoso que o jogador acabou recebendo a oportunidade de vestir a camisa da seleção brasileira. Damião foi convocado pelo técnico Mano Menezes para disputar o amistoso contra a Escócia. Sua passagem pela seleção foi breve, marcou apenas 3 gols, mas foi em um clássico disputado entre Brasil e Argentina que Damião deixou sua marca. O camisa 9 exalou ousadia e encantou o mundo inteiro após aplicar uma “lambreta” no argentino Emiliano Papa, o lance encantador fez com que até o técnico e a torcida argentina aplaudisse o brasileiro. Damião encerrou o ano com 51 jogos, marcando 38 vezes pelos campeonatos Brasileiro, Libertadores, Recopa e Gauchão.

Já em 2012, Leandro Damião foi convocado para disputar às Olimpíadas com a seleção, onde foi artilheiro da competição com 6 gols, alcançando um número que nunca alguém havia conseguido. O Brasil naquele ano conquistou a medalha de prata. No ano seguinte, Damião foi tricampeão gaúcho e o artilheiro do torneio com 8 gols. Porém, no segundo semestre teve um rendimento instável e em 2014, o Internacional vendeu o atleta para o Santos.

Leandro retornou para a equipe gaúcha no ano de 2017 e foi promissor do time no acesso para a Série A. Com Damião, a equipe colorada teve aproveitamento de 87,5% dos pontos, sendo o atacante com mais finalizações em média e a melhor pontaria da Série B. Em 2018, o jogador foi uma peça fundamental para levar o time novamente a disputa de uma Libertadores, onde realizou um total de 32 partidas e marcou 11 vezes com a camisa colorada. No final do ano de 2018 anunciou que não renovaria com a equipe e tomou rumo ao futebol Japonês, onde defende o Kawasaki Frontale até hoje. Damião em 2019 realizou 38 partidas e marcou 14 gols. Já em 2020, jogou apenas duas vezes marcando apenas um gol.

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